Frango melhora vida no interior do PR.
No início, apenas uma alternativa de diversificação. Hoje, uma das maiores riquezas do estado. Na terra dos grãos, o frango assume o papel de protagonista e se consolida como principal motor do desenvolvimento humano paranaense. Socioeconomicamente, o Paraná é mais dependente da avicultura do que da soja, tradicional carro-chefe da pauta de exportações do estado. Dos 43 municípios paranaenses que apresentam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior à média estadual, mais de 90% têm avicultura forte e 24 deles figuram entre os 100 maiores plantéis de aves do Paraná. Nos últimos dez anos, a safra paranaense de grãos avançou cerca de 50%, para pouco mais de 30 milhões de toneladas anuais. Já a produção frango mais que dobrou, saltando de 676 mil cabeças abatidas no início da década para quase 1,4 milhão na mesma base de comparação. Nas exportações, a expansão avícola paranaense foi ainda mais significativa, passando de 314 mil toneladas em 2001 para 1,04 milhões de toneladas em 2011 – um salto de 230%. Somente com as remessas ao exterior, o setor movimenta atualmente mais de US$ 2 bilhões ao ano, num negócio que envolve uma cadeia longa e complexa que vai muito além da granja ou da indústria. Da criação de frango ao processamento da carne, o uso de mão de obra intensiva torna a avicultura a maior geradora de empregos e renda do agronegócio paranaense. Milhares de pessoas trabalham em segmentos desconhecidos no meio urbano, como o de produção de ovos férteis, o de distribuição dos pintainhos, o de logística de transporte. Dinâmica e altamente tecnificada, a avicultura demanda também uma ampla gama de produtos e serviços e faz girar ao seu redor, como verdadeiros satélites, indústrias dos mais diversos portes dedicadas especificamente à atividade. Emprego A complexidade dessa cadeia fica evidente em pequenos municípios do interior, como é o caso da pequena Cafelândia no Oeste do estado. Dono do nono maior plantel de aves do estado, o município com 12 mil habitantes tem um Produto Interno Bruto (PIB) per capita superior a R$ 15 mil por habitante – o 7.º maior do estado – e ocupa a 46.ª colocação entre os 399 municípios do Paraná no ranking estadual de IDH. Boa parte do desempenho é atribuído à avicultura. Sede da Cooperativa Agrícola Consolata, a Copacol, Cafelândia gira em torno do frango. Uma das primeiras do sistema cooperativo paranaense a investir na industrialização da carne de aves, a cooperativa tem na avicultura o seu principal negócio. Com aproximadamente 60% de seu faturamento proveniente do frango, a Copacol abate atualmente 320 mil aves ao dia e a previsão é chegar a 480 mil aves/dia no ano que vem. Somente no abatedouro emprega perto de 2,5 mil funcionários. No campo, integra mais de 800 avicultores e mais de mil aviários. “70% dos nossos cooperados são pequenos produtores e para a maior parte deles a avicultura é a principal fonte de renda”, revela o presidente Valter Pitol. Renda bimestral faz diferença no meio rural Leomar Casarolli, de Corbélia (Oeste), tem quatro aviários e 170 hectares de lavoura na propriedade que mantém em Corbélia. “Com renda certa a cada 60 dias, a avicultura garante capital de giro para a fazenda. Com o dinheiro dos grãos faço uma espécie de poupança para pagar dívidas e investir na modernização da propriedade”, relata. “Quando começamos a criar frango, em 97, tínhamos uma dívida de R$ 7 mil. Em pouco tempo, conseguimos pagar a dívida e hoje até emprestamos dinheiro para os amigos”, comemora a avicultora Maria Aparecida Ramos. Junto com o marido, Paulo, e os dois filhos, ela mantém dois aviários na propriedade de 5 hectares que a família mantém em Novo Itacolomi (Norte). Com seis aviários e planos para construir novos barracões, a família Toniette, de Siqueira Campos (Norte), também se diz satisfeita com a atividade. Os três irmãos, Liver, Lourival e Luiz relatam nunca ter tido problema ou prejuízo com o frango. “Nem mesmo durante as crises de exportação”, reforça Charles, filho de Luiz. “Sou formado em Administração, mas para mim é inviável sair daqui. Na cidade não dá para ganhar o que eu ganho [na avicultura]”, afirma. Fonte: Jornal Gazeta do Povo, (14/08/2011).