Inverno, o inimigo dos alrgicos;
Lukas Godoy não sabe cantar, mas é só o inverno dar as caras que ele começa a típica melodia dos alérgicos: a fungada. O nariz vive trancado e vermelho por causa da coriza, popularmente chamada de “nariz escorrendo”. “Gasto uma tonelada de lencinhos durante a estação”, brinca o publicitário de 25 anos, que desde os sete convive com a rinite.
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Sentindo na pele
Exame mostrou que piloto reage mal a 19 de 20 substâncias
O piloto Eric Costa é praticamente o rei das alergias. Quando tinha 16 anos, época em que morava em Natal, no Rio Grande do Norte, ele passou por uma cirurgia de desvio do septo nasal. Antes do procedimento, no entanto, o médico realizou alguns exames para descobrir se ele era alérgico a algo.
Dos 20 testes feitos, 19 deram positivo. “Sou alérgico a pólen, grama, pelos, abelha, ácaro, formiga, pelo de gato, fungo e mais alguns que não lembro”, conta. Por causa disso, a vida de Eric, hoje com 26 anos, precisou ser toda reorganizada. Quando faz uma viagem, ele leva na bolsa uma farmácia antialérgica. “Levo Allegra D, Celestone, Naridrin, Naldecon Dia e Noite e outros remédios”, conta.
Antes de decidir o local de hospedagem, ele telefona e pergunta se tem carpete. A médica alergista Adriana Vidal Schmidt dá outra dica para o piloto. “Dê preferência a hotéis com piso lavável e persiana, no lugar de cortina. Eles não costumam agregar aeroalérgenos.”
O veículo de Eric também passa, diariamente, por um pente fino. Antes de sentar no banco do motorista, ele liga o ar-condicionado e espera um pouco do lado de fora. “Tenho medo de poeira acumulada”, relata. Também usa um ionizador de ar, aparelho que purifica o ambiente.
Se um dos aeroalérgenos entra em contato com ele, é um “Deus nos acuda”. O rapaz não consegue parar de espirrar. Se alguém quer ser educado e deseja melhoras, tudo piora. “Parece que é um tique que desenvolvi. Se ouço a expressão ‘saúde’ ou alguma pessoa começa a falar numerais, como 1, 2 e 3, eu não paro mais de fazer ‘atchim’. Meus amigos adoram fazer isso”, conta, rindo.
De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), 30% da população brasileira sofre com alguma alergia, sendo que as mais comuns são as respiratórias: bronquite, asma e rinite. A enfermidade é uma resposta exagerada do sistema imunológico a algum aeroalérgeno – como ácaros, mofo e pólen. “Alergia é genética, mas ela pode se manifestar como doença primária também”, diz a médica alergista Paula Bley Strachman.
No inverno, o problema aumenta. Isso porque a estação tem características que potencializam as causas. A primeira é o ar seco da estação. “A alergia é uma inflamação da mucosa e o ressecamento do ar pode piorá-la, desencadeando crises”, conta Elizabeth Mourão, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), seção Paraná.
Outro inimigo é a poluição. Durante o inverno, todos os gases poluentes comuns em centros urbanos, que afetam os alérgicos – como monóxido de carbono, enxofre e metano – ficam na superfície da terra. A culpa é de um fenômeno climático chamado inversão térmica, que funciona da seguinte forma: o ar frio não sobe, como ocorre no verão. E, como é mais pesado, retém mais os poluentes.
Durante os dias de frio, as pessoas também costumam ficar em ambientes fechados. A residência, contudo, é um dos principais redutos de aeroalérgenos. “Quem tem predisposição precisa ficar mais alerta, já que a questão ambiental pode fazer com que as crises se agravem. Tem que tirar tapete, deixar as roupas no sol, limpar cortinas e principalmente seguir orientação médica”, relata o infectologista Jaime Rocha.
Para ajudar os alérgicos na luta contra os espirros durante o inverno, a Gazeta do Povo preparou, com a ajuda de especialistas, um gráfico com 10 dicas simples para deixar a casa um pouco mais “segura”.
Interatividade
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