Brasil mostra sinais de fim da recesso
Na teoria dos físicos os nomes são complicados: energia potencial e cinética. Mas, bem grosso modo, o que faz um trenzinho de uma montanha-russa subir é um único fator, ele já caiu o bastante. Para Henrique Meirelles, o vagão que carrega a economia brasileira bateu no fundo do poço e, agora, sobe. “Passamos por um momento muito difícil quando o país enfrentou a maior recessão da sua história. O importante é que a recessão terminou”, decretou o ministro da Fazenda no fim de fevereiro.
Não foi a primeira demonstração de otimismo exacerbado. Mas, dessa vez, os sinais dão conta de que o impulso é, de fato, mais sólido. Se não levará o vagão de volta ao topo, pelo menos o tirará de uma posição desconfortável. O país está com inflação controlada, reformas essenciais parecem caminhar e vários indicadores mostram algum movimento na atividade econômica. O mercado, de acordo com o boletim Focus, aposta em crescimento de perto de 0,48% no PIB. Pouco, mas um alívio após dois anos de encolhimento.
Tem quem esteja mais otimista. O Itaú Unibanco prevê retomada na ordem de 1%. “O fundo do poço foi o quarto trimestre do ano passado. Neste primeiro trimestre de 2017já vamos ver crescimento na ordem de 0,3% no PIB”, defende o economista do banco Felipe Salles. Entre os motivos para acreditar, há algo além da demanda: a indústria precisa repor seus estoques e isso vai movimentar a economia.
A produção industrial, aliás, é um indicador ainda dúbio, já que teve uma melhora significativa em dezembro de 2016, crescendo 2,3%, mas mostra quedas acentuadas e sucessivas nos acumulados. Ainda assim, índices setoriais mostram alguma reação, que deve aparecer neste trimestre. O país gastou mais eletricidade neste começo de ano, produziu mais papelão e teve mais carros nas rodovias – mostram que a indústria está com uma atividade mais intensa do que no fraco 2016.
É um movimento impulsionado por um cenário favorável. A inflação controlada dá força para uma redução mais acentuada na taxa básica de juros. Em fevereiro, ela foi a 12,25%. Otimistas acreditam em um dígito até o fim do ano, o que devolveria o patamar de 2013. E mais investimento, produção e compras.
Não são fatores isolados. Tem a expectativa de dinheiro injetado pelas contas inativas do FGTS, bons números da safra e alta dos commodities.