Com o plantio de verão na reta final, o Paraná confirma expansão de 19,8% na área do milho e recuo de 0,2% nas lavouras de soja, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo 2011/12. A mudança é suficiente para devolver ao estado o posto de maior produtor nacional do cereal no verão, perdido para Minas Gerais na temporada anterior, quando a cultura teve a sua menor área já registrada em campos paranaenses.
Os preços pagos ao produtor do Paraná estavam mais de 50% acima da média de 2010 na época do planejamento do plantio do milho, o que fez a diferença, de acordo com o agrônomo Robson Mafioletti, analista técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) que participa da Expedição Safra desde sua primeira edição, em 2006/07. A “estrela” da safra anterior foi a soja. Este ano tem tudo para ser o ano do milho, conforme o relatório da Expedição.
O cereal avança sobre a oleaginosa com mais força no Paraná do que em outras regiões agrícolas do país, conferiram técnicos e jornalistas do projeto. O estado tem alcançado o melhor índice de produtividade do país, o que ajuda a recompensar os investimentos na cultura.
Com 900 mil hectares, o milho deve render 6,98 milhões de toneladas, fazendo a diferença nesta temporada (são 400 mil toneladas acima das previsões mais otimistas sobre a colheita de Minas Gerais). Como as espigas rendem mais que as vagens de soja em peso, a colheita dessas duas culturas – que representam 97% da safra de verão do Paraná – deverá crescer de 21,20 milhões para 21,89 milhões de toneladas (3,25%), projeta a Expedição. Juntos, milho e soja somam 5,56 milhões de hectares, área 2,6% maior que a de um ano atrás.
O recuo da soja, em área, foi menor que o avanço do milho. Houve encolhimento também das lavouras de feijão e das pastagens, confirmaram produtores e técnicos do setor. A lucratividade da oleaginosa ainda é considerada melhor que a do milho em parte das regiões agrícolas, principalmente onde o cereal não passa de 8 mil quilos/ha ou a soja se aproxima de 4 mil quilos/ha. De forma geral, as duas culturas mostram-se lucrativas, mas o cereal ganha a dianteira em regiões como Guarapuava, com marcas acima de 12 mil quilos e previsão de receita líquida de até R$ 3 mil/ha.
A recuperação dos preços era o que o produtor Márcio del Galo, de Cascavel (Oeste), esperava para ampliar a área do cereal. “Vamos ter que subir ainda mais nas próximas safras, para melhorar o sistema de rotação de cultura”. Nos 160 hectares cultivados por sua família, a soja ficou com 120 e o milho com 40. Na temporada anterior, a relação era de 127/33. Sua expectativa é de produtividade igual ou superior à do ano passado (3,45 mil e 12 mil quilos por hectare, respectivamente). “Pela tecnologia, tem que se manter”, disse.
A maioria dos produtores não aposta em elevação da produtividade devido ao receio de que o fenômeno La Niña provoque estiagens ou torne as chuvas irregulares no verão. Conforme a estimativa da Expedição Safra, se o La Niña se expressar de forma moderada, como preveem os meteorologistas, a produtividade da soja tende a cair 2,4% e a do milho 1%.
Fonte: Jornal; Gazeta do Povo, (08/11/2011).