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O corte de 10% na produção de frango discutido pela indústria avícola nacional e novos cálculos sobre a demanda global surgiram como principais medidas para o enfrentamento da crise vivida pelo setor. Mas essas não são as únicas soluções. Enquanto reivindicam apoio do governo federal, executivos, especialistas e lideranças reafirmam suas apostas no crescimento de médio e longo prazo e concluem que, para isso, deve-se explorar melhor o mercado interno, aperfeiçoar a estrutura de produção, reorganizar as empresas e investir em pesquisas sobre insumos que possam, por exemplo, substituir parcialmente o milho na ração. Alternativas como a diversificação das atividades, dentro e fora da porteira, e a economia de escala são algumas das saídas encontradas pela GTFoods, de Maringá (Noroeste). Especializado em carne de frango, o grupo vem investindo na comercialização de congelados a base de batatas, de vegetais, de pescados, carne bovina, carne suína, mandioca, polenta e embutidos. Os produtos, trazidos da Bélgica há cerca de dois anos para aproveitar o frete de retorno da carne de frango enviado à Europa, vão ganhar marca própria neste ano. “Vamos estrear com o lançamento das Batatas Canção”, conta o diretor do grupo Ciliomar Tortola. Em Palotina (Oeste), a agregação de valor à produção e o ganho de eficiência são as apostas de C.Vale. “Trabalhamos com uma escala de agregação de valor, desde o grão, passando pela carne até a prestação de serviço, oferecendo ao consumidor pratos prontos, e não apenas o produto in natura”, explica o gerente industrial da cooperativa, Reni Eduardo Girardi. Na sua avaliação, a inovação tecnológica será a responsável pelo novo salto da avicultura brasileira na próxima década. “Para quem é eficiente, vão-se os anéis, mas ficam os dedos”, concorda Roberto Kaefer, diretor da Globoaves, de Cascavel (Oeste). A crise vai levar a uma seleção natural baseada na eficiência, reforça o presidente da Copacol, Valter Pitol. “O momento é de extremo desafio e o segredo é a gestão”, resume. Em meio às turbulências, a cooperativa mantém os planos de expansão e inaugura, em janeiro, uma nova planta que promete dobrar sua capacidade de produção. Atualmente são abatidas na unidade de Cafelândia (Oeste) da Copacol 320 mil aves por dia. O frigorífico que está sendo construído em parceria com a Coagru em Ubiratã vai processar 150 mil frangos dia a partir do ano que vem e a meta é chegar a 300 mil aves/dia até 2016. Os investimentos, que incluem a ampliação do incubatório e do matrizeiro da cooperativa, além das áreas de suínos, leite e processamento de grãos, fazem parte do planejamento estratégico da Copacol. Batizado de GPS – Geração de renda, Produtividade e Sustentabilidade, o plano prevê a aplicação de R$ 470 milhões entre 2008 e 2013. “A meta é alcançar R$ 2 bilhões de faturamento, 5% de rentabilidade e atingir 25 mil participantes em programas de desenvolvimento até o ano de 2013, quando a cooperativa completará 50 anos”, revela o presidente. Ele explica que, quando foi concebido, o GPS já levava em consideração os possíveis altos e baixos da atividade e que, por isso, os investimentos na avicultura estão sendo mantidos em plena crise. “Agora estamos em fase de finalização do plano, analisando o que realizamos nesses cinco anos e planejando os próximos cinco”, revela. Colaborou José Rocher Ave “do sítio” recupera lugar na panela A crise europeia reduz a demanda internacional. Além disso, o dólar valorizado e o aumento dos custos de produção diminui a competitividade do frango brasileiro. Para driblar essas dificuldades, a indústria brasileira depende do mercado interno, que consome dois terços da produção e ainda possui nichos a serem explorados. A Frango Caipira, frigorífico de Ivaiporã (Região Central do estado), ganha sustentação na criação de aves de penas douradas e pescoço pelado, conhecida como “polaca”, igual às criadas soltas nos sítios. “O mercado brasileiro é tão grande e próspero que não vejo necessidade de ir buscar clientes muito longe”, sustenta o diretor da empresa Marcos Batista. Iniciado pelo patriarca, Messias Luiz Batista, o negócio surgiu como uma opção à produção industrial. A comercialização começou de porta em porta em 1998. Em 2011, o negócio se profissionalizou com a inauguração de um pequeno frigorífico para abater 100 aves por dia, 5% do volume atual. Segundo Marcos, a evolução da avicultura industrial, principalmente na questão sanitária, obrigou o frango caipira a “não ser tão caipira assim”. Para ele, o mercado é promissor porque a criação de frango “polaco” é uma atividade rara. Ele avalia que, além de crescer em volume comercializado, também é possível avançar em valor agregado neste mercado. “No começo vendíamos apenas frango inteiro, mas percebemos que a dona de casa não sabe ou não quer ter o trabalho de dividir o frango em pedaços. Então começamos a vender já cortado. É o mesmo frango, como todas as peças, só que cortado pelas juntas. Para nós a margem é similar, mas no mercado custa em média 10% mais que a ave inteira. E o consumidor está disposto a pagar por isso”, garante. (LG). Fonte: Jornal Gazeta do Povo, (07/08/2012).